Todos sabem que em virtude da pandemia mundial a procura pelo álcool em gel começou a gerar falta nas prateleiras dos supermercados, farmácias e outros estabelecimentos comerciais por todo o nosso país. Com isso, a procura pelos outros tipos de álcool líquido (solução aquosa de diversas concentrações e em percentuais dos mais diversos) também aumentou, causando diversas dúvidas quanto às diluições e sobre a sua eficácia como desinfetante e se realmente “matam” o coronavírus (COVID-19). Esse fato também levou a falta do álcool hidratado no mercado. Então, se não temos o álcool o que fazer?
O que ocorre é que muitos esquecem que as orientações médica e sanitária oficiais, inclusive da OMS (Organização Mundial de Saúde) difundidas em diversos países do mundo é que se use uma solução muito simples que misturamos de forma muito intuitiva no nosso cotidiano em nossas mãos e corpo: a água e sabão.
Mas o sabão neutro e antisséptico preferencialmente foi pensado para as mãos, braços, antebraços (uso dermatologicamente aprovado). E para as superfícies e ambientes domiciliares pode-se usar outro tipo de produto? A resposta é SIM!
Para superfícies e ambientes na sua casa, calçadas, bem como nos corrimãos e maçanetas pode ser usada uma solução diluída de detergente.
Lembrando-me da graduação na UERJ, onde reparava e éramos estimulados a doar potes de detergente para serem diluídos, pensei em contribuir para orientação da população. Acredito estar contribuindo com uma dica importante em um momento de crise e falta de muitos produtos de limpeza nos mercados próximos a nós.
Lá onde estudei, nos laboratórios de graduação, usavam para cada litro de detergente para 10 litros de água destilada (que no caso do ambiente da sua casa poderia ser água filtrada ou se não houver filtro pode ser fervida – lembrando que antes de utilizá-la resfrie à temperatura ambiente). A pergunta: essa concentração de detergente não fica muito diluída?
Não! Eu quando usava essa solução, lembro-me que até espuma ela produzia. Era bem eficiente para lavagem de vidraria, bancadas e onde usássemos. A dúvida ainda permanece quanto ao poder antisséptico. Destrói o vírus ou não?
Para responder essa pergunta, como não sei tudo, fiz uma pesquisa na internet em manuais e protocolos, além de ouvir alguns vídeos de especialistas em virologia, médicos e profissionais de saúde (faça sempre isso e tire sua dúvida com um professore de química mais próximo, pode ajudar muito). Dentro deles, os autores que os elaboraram explicam que a fragilidade desse tipo de vírus (Coronavírus) aos sabões é grande, que a capa de gordura que o protege é facilmente destruída com sabões e detergentes. Contudo, atenção, alguns vírus podem ser mais resistentes aos detergentes, por isso esse tipo de produto é menos indicado para limpeza de ambientes, então se usa muito soluções cloradas, como a água sanitária, porém já é sabido que o COVID-19 é bastante frágil e os detergentes são eficientes para sua eliminação.
Nada foi encontrado quanto à concentração a ser usada, mas é coerente que possamos observar se a solução gera espuma, pois a espuma é um facilitador do processo dessa destruição da parede de gordura da capa que protege o vírus.
Deixo algumas sugestões de leitura de alguns manuais e protocolos encontrados nos links abaixo:
Melhores práticas para higiene limpeza em ambiente hospitalar – Saúde: SP:
Manual de Biossegurança – FIOCRUZ:
Segurança do paciente em serviços de saúde: limpeza e desinfecção de superfícies – ANVISA:
https://www.pncq.org.br/uploads/2018/Manual_Limpeza_e_Desinfeccao_2012_(1).pdf
Manual de Higienização e Limpeza – CONASS:
http://www.conass.org.br/liacc/manual-de-higienizacao-e-limpeza/
Leia também o texto sobre o assunto que eu e o professor Dr Gérson Mól da UnB e presidente da SBEnQ (Sociedade Brasileira de Ensino de Química) produzimos juntos:
Professora Cristiana de Barcellos Passinato
http://lattes.cnpq.br/4511971498276781
Doutoranda em Química Biológica com ênfase em Educação, Gestão e Difusão em Biociências, no IBqM-UFRJ. Especialista em Acessibilidade Cultural do Depto de Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da UFRJ. Mestre em Ciências, Ensino de Química do PEQui do IQ-UFRJ. Especialista em Políticas Públicas e Projetos Socioculturais em Espaços Escolares do CESPEB da Faculdade de Educação da UFRJ. Professora Docente I Coordenadora do Núcleo de Apoio Pedagógico Especializado (NAPES) da Diretoria Regional Metropolitana III da Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro (SEEDUC-RJ) – núcleo ligado à Coordenadoria de Diversidade e Inclusão Educacional. Técnica em Química lotada na Direção do IQ-UFRJ. Atualmente é a TAE responsável pelo Setor de Acessibilidade do IQ-UFRJ, representante do IQ-UFRJ no Fórum Permanente UFRJ Acessível & Inclusiva, Ex-presidente da Câmara responsável pelos assuntos acadêmicos desse mesmo Fórum e atua como docente credenciada ao CEEQuim (Curso de Especialização em Ensino de Química) do IQ-UFRJ. Pesquisadora do Observatório Internacional de Inclusão, Interculturalidade e Inovação Pedagógica (OIIIIPe) do Laboratório de Pesquisa, Estudos e Apoio à Participação e à Diversidade em Educação (LaPEADE). Também responsável pelas redes sociais do IQ-UFRJ
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